TEORIAS: FENOMENOLÓGICO, EXISTENCIAL E HUMANISTA

De acordo com as aulas apresentadas na disciplina das Teorias Fenomenológico, Existencial e Humanista, pela orientadora Maria Eugênia Costa Machado no curso de Psicologia no UNIBH (2014), a pretensão dessa abordagem é superar a perspectiva moderna em Psicologia, tomando o homem como pessoa e não como um indivíduo determinado por mecanismos psíquicos. Valorizando a compreensão e o bem-estar e não o controle. Isso a aproxima do ser humano, que é dotado de desenvolvimentos e realizações, em busca constante do equilíbrio e da auto-organização.  Revela um ser humano livre, capaz de decidir o seu caminho mediante suas vontades e suas decisões, sendo também, responsável por toda e qualquer consequência que surgir a partir delas. Condenado a ser livre, o homem se angustia e carrega nos ombros a “pesada carga” dessa responsabilidade, já que as opções descartadas podem se transformar em dores, provocadas pela angústia das escolhas que sempre eliminam outras possibilidades.

Ao se deparar com o que se permitiu transformar e ao mesmo tempo não condizer com o que gostaria de ser, o homem se defronta com um impacto do desespero, e surge a partir daí, uma luta pela mudança, assimilando que, se construiu o contexto atual, pode remodelar a sua história. E é exatamente esse enfrentamento que gera novos significados ao indivíduo e permite a compreensão das perdas, levando-o ao entendimento de um saber viver de novo, sem condenações, críticas, normas ou qualquer tipo de direcionamento, tendo como alvo, apenas o resgate dos significados subjetivos em prol da realização pessoal.

Assim, a Psicologia Fenomenológica Existencial Humanista aborda a capacidade que o homem tem de recomeçar, criar novos sonhos ou reciclar os anteriores, sempre enfatizando a reconciliação da essência com a subjetividade.

 

TEORIAS FENOMENOLÓGICO, EXISTENCIAL E HUMANISTA: Minha experiência com a disciplina

Através das aulas expositivas e das pesquisas sugeridas pela professora, interagi de forma mais aprofundada com as Teorias: Fenomenológico, Existencial e Humanista. Tais estudos me fizeram concluir o quanto dessa disciplina está presente no cotidiano. O amor, a solidão e a angústia foram alguns dos temas existenciais abordados para a conclusão a qual me refiro.

Observei que o ser humano recebe os afetos sem uma perspicácia e por isso, torna-se vulnerável ao sofrimento, contudo, uma reflexão consciente da “coisa” exatamente como ela é, proporciona ampla visão de possibilidades capazes de “estabelecer uma nova relação entre o sujeito e o objeto, o homem e o mundo, o pensamento e o ser, ambos inseparavelmente ligados (MACHADO, 2014)”, o que o torna consciente para “se refazer”, através das suas escolhas.

Compreendi que, “o homem está condenado a ser livre. (SARTRE, 1970. p.5)”, estando também subordinado à liberdade das escolhas - considerando que a “não escolha” é uma escolha – implicando a sua decisão diretamente àquilo que o afeta, de acordo com a permissão que ele concede. No entanto, estando o homem, preparado para assumir suas incumbências com responsabilidade e enfrentá-las, torna-se autêntico e capaz de se modificar para transmitir o seu melhor.

Com o desenrolar da disciplina durante o curso, descortinava-me como parte desse contexto. Encontrei num trecho do livro de Carl Rogers (1980) uma maneira para exemplificar o despertar subjetivo à que aduzo;

Acho muito gratificante conseguir ser verdadeiro, conseguir aproximar- me do que quer que esteja se passando dentro de mim. Gosto quando consigo ouvir-me. Saber realmente o que está acontecendo dentro de mim não é uma coisa simples, mas tenho me sentido encorajado a fazê-lo, pois percebo que durante todos esses anos esta minha capacidade tem melhorado. Estou convencido, no entanto, de que esta é uma tarefa para toda a vida e que nenhum de nós jamais está totalmente apto a entrar em contato, sem dificuldades, com o que está acontecendo no cerne de nossa própria experiência. (ROGERS, 1980, p.12)

 

Compreendo que minha cobiça profissional, não me permite a simples ocorrência de uma transposição de categorias filosóficas ao plano empírico do trabalho cotidiano. Percebo a necessidade das apropriações da técnica apresentada, tanto quanto suas especificações, para que, assim, essa abordagem possa ser enriquecida na compreensão e reflexão da experiência humana, e por meio dos conceitos que me foram apresentados durante o curso eu adquira a benevolência de escutar. Apropriei-me destas falas do Rogers (1980), como uma orientação das minhas expectativas;

Assim, aprendi a me perguntar: sou capaz de ouvir os sons e de captar a forma do mundo interno desta outra pessoa? Sou capaz de pensar tão profundamente sobre o que me está sendo dito, a ponto de entender os significados que ela teme e ao mesmo tempo gostaria de me comunicar, tanto quanto ela os conhece? [...] Escondidas sob as comunicações pessoais que eu realmente ouço, parece haver leis psicológicas ordenadas, aspectos da mesma ordem que encontramos no universo como um todo. Assim, existe ao mesmo tempo a satisfação de ouvir esta pessoa e a satisfação de sentir o próprio eu em contato com uma verdade universal. (ROGERS, 1980, p.8)

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a disciplina das teorias: Fenomenológico, Existencial e Humanista, o homem é um ser racional, sendo o único capaz de entender o resultado da sua conduta através das percepções que lhe são atribuídas, e isso o torna exclusivamente responsável pela conquista dos comportamentos adequados para si.

Com essa conclusão acredito que, numa perspectiva psicológica, a compreensão teórica das dimensões dessa abordagem me permitiu uma abertura de possibilidades práticas com uma visão mais íntima do ser humano, visto que o homem, entrelaçado às experiências do mundo, se torna vulnerável, indeciso e por muitas vezes perdido, contudo, ele sempre é capaz de reaver sua história, optando por uma visão diferenciada da sua vivência para a reconstrução do “seu mundo” autêntico e mais significativo.

Interagindo com a disciplina, também pude refletir na extensão de um atendimento profissional que me proporcionará a aproximação íntima enquanto alheia com o cliente e, partindo dessa contemplação, irei me preparando não só para os desafios impostos pela Psicologia, mas também, para o esclarecimento dos impasses na construção da subjetividade humana, à qual eu também almejo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACHADO, Maria Eugênia Costa. O método fenomenológico de Husserl: Uni-BH, 2014, aula 4. 12 Slide, 4X5 cm, color. Intencionalidade da consciência.

ROGERS, Carl R. Um Jeito de Ser. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1980. 151 pg. Disponível em: <https://www.academia.edu/5281528/Carl_R_Rogers_-_Um_Jeito_de_Ser >Acesso em: 01 Dez 14.

SARTRE, Jean Paul. O Existencialismo é um humanismo. Tradutora Rita Corrêa Guedes. Fonte: L’ Existencialisme est um humanisme, Les Editions Nagel, Paris, 1970. Disponível: < https://stoa.usp.br/alexccarneiro/files/-1/4529/sartre_exitencialismo_humanismo.pdf> Acesso: 24 Nov 14.