TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo

Muitas pessoas experimentam alguma vez na vida um pensamento de tipo obsessivo ou comportamento compulsivo, mas, no caso da Perturbação obsessivo-compulsiva estes são intensos, persistentes, desagradáveis e interferem com as actividades diárias da pessoa.

O que a caracteriza são as obsessões e as compulsões.

Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos que a pessoa não quer ter, mas não controla e causam ansiedade significativa. Por exemplo, a ideia de ficar contaminado por tocar num objecto ou superfície, a dúvida persistente se fechou ou não uma porta, se a roupa está bem lavada, se as mãos estão limpas após as ter lavado, a necessidade de contar objectos ou realizar tarefas segundo uma determinada ordem ou impulsos, como por exemplo, magoar, ferir alguém, de utilizar facas ou outros objectos perigosos com pessoas próximas, entre muitos outros exemplos.

As compulsões são comportamentos, acções, pensamentos, em resposta ao mal-estar causado pelas obsessões. Por exemplo, o pensamento obsessivo repetido de que as mãos estão sujas, surge a compulsão de lavar as mãos até aliviar o mal-estar. Isso pode acontecer várias dezenas de vezes por dia.

São também exemplos as verificações repetidas se os objectos estão arrumados por determinada ordem ou tomar banho por sequências ou partes, tocar várias vezes numa superfície, rezar ou usar palavras para anular outras ideias. Todos estes rituais servem para aliviar os pensamentos obsessivos.

A pessoa é invadida pela ideia ou pensamento obsessivo e fica com tanto mal-estar que se vê impulsionada para executar ou pensar algo que a alivie.

Pode ficar totalmente dominada pelas obsessões e compulsões repetindo-se incessantemente.

Em geral, as pessoas que sofrem de perturbação obsessivo-compulsiva reconhecem a irracionalidade da situação, mas escondem-se, defendem-se da crítica ou observação dos outros ou organizam e escolhem as actividades diárias em função das obsessões, mascarando o problema, apesar do sofrimento associado em que se encontram.
 


Outro aspecto comum é que a pessoa pode ter comportamentos de evitamento, como não tocar em superfícies que pensa estarem contaminadas, guardar e não usar a roupa que pensa estar contaminada, deitar objectos ao lixo para se libertar de uma obsessão, evitar a proximidade de pessoas, comida, se forem alvo de uma ideia obsessiva.

A grande dificuldade está em conseguir resistir à compulsão, pois ao evitá-la, o mal-estar aumenta e a pessoa, de um modo geral, cede.

Esta perturbação pode afectar significativamente a vida da pessoa, seja na área pessoal, laboral, doméstica, social ou, até, passar a ocupar o centro das preocupações da pessoa.

É muito importante compreender que são pensamentos e actos involuntários, que a pessoa não deseja ter, e que causam grande angústia. Por este motivo, é frequente a associação desta perturbação com a depressão.

A idade de aparecimento é, em geral, a adolescência e início da idade adulta, mas pode também ocorrer na infância.

As crianças normalmente não têm crítica relativamente à doença e podem não sentir os pensamentos ou actos como irracionais.

O aparecimento tardio de sintomas obsessivo-compulsivos deve ser confrontado com forte suspeita de doença neurológica.

Também na criança pode surgir a associação da perturbação obsessivo-compulsiva com infecção estreptocócica e o desenvolvimento de doença auto-imune.

Em geral, a evolução é crónica ou com flutuações de intensidade dos sintomas, piorando nas situações de maior stress associado.
 
 


O tratamento é fundamental e o primeiro passo é a compreensão da doença e dos mecanismos cognitivos e comportamentais intrínsecos.

Posteriormente, é necessário o uso de medicação, nomeadamente, inibidores selectivos da recaptação da serotonina.

A psicoterapia também pode ser muito útil, quer no alívio dos sintomas comportamentais, quer na intervenção ao nível dos factores psicológicos internos que podem estar envolvidos no desenvolvimento da doença.

Quando predominam e se identificam os factores psicológicos e a intervenção é precoce, o tratamento tem maior sucesso.